De todas as coisas que eu já quis ser, ser escritora é a única que nunca mudou.
Desde meus 7 anos.
Aprendi a escrever com 6, mas criar histórias no papel, só com 7. Antes criava muitas na minha cabeça é lógico, mas elas se perdiam por não ter meios de fixar aquilo em um lugar. (Em seguida escreverei sobre isso. Só não escrevo agora porque seria uma mudança de assunto e não há erro mais grave que mudança de assunto em um texto)
Quanto mais vivo, mais vontade tenho de ser escritora e mais percebo que não sou apta a isso. Todo escritor é um grande pesquisador, teve uma vida incrível, ou sabe falar da vida dos outros muito bem.
Eu não.
Eu sei inventar, sei fazer tempestade em copo d'água, sei fingir que tenho pontos de vista que na verdade não tenho. E nem é com uma frequência matematizável.
Sei enrolar muito bem a ponto de pensarem que eu sou inteligente e domino um assunto. Eu não domino nada. Eu muito mal me domino.
Eu só tenho uma gramática em casa, que agora está desatualizada. Não estudei os grandes escritores, e suas grandes obras. Não terminei de ler "O cortiço" porque sentia nojo físico. Nunca estudei metade do que qualquer escritor estudou.
E mesmo assim, é meu único "querer ser" que não pereceu.