sexta-feira, 6 de março de 2009

dinheiroXamor

Meu irmão está na época de pré-vestibular e isso me fez pensar na minha época de pré-vestibular.
Vida difícil. Não a parte de estudar e ter que fazer provas. O problema era escutar todos os adultos: professores, parentes e intrometidos divagando sobre a importância da escolha do seu emprego.

É você ser um moleque de 17 anos e escutar que deve decidir o resto da sua vida naquele momento, quando tudo o que se quer é ir a praia e depois ver uma comédia pastelão na casa dos seus amigos.

As teorias são múltiplas. Fazer o que família toda fez, fazer o que o mercado de trabalho pede ou fazer o que se ama. Quero falar da última opção.

Por que essa é considerada a opção mais correta e bonita de se seguir? "Nossa ele teve coragem, ele foi trabalhar com música!" Gente, se eu já amo fazer de graça, para que raios vou me preocupar em fazer por troca de dinheiro?

Eu amo escrever, não é a toa que tenho 3 blogs. Passo horas fazendo desenhinhos bonitos para o layout, pensando em assuntos, revisando meu português, deixando de fazer trabalhos para a faculdade com os olhos ardendo em frente a um computador... Tudo isso sem receber um tostão, aliás, tendo quase certeza que nem lida, eu sou!

Aí, um gênio da cultura de boteco me diz: "para você ser feliz de verdade, tem que ganhar a vida sendo escritora! Se você não fizer isso, está fadada a depressão!" Ou seja, o cara me amaldiçoou duplamente: ou, possivelmente, serei uma escritora frustada que ganha muito mal, ou uma frustada que não ganha dinheiro escrevendo!!!

Vou acoplar dinheiro, esse assunto complicado que faz nossos pais mudarem de casal apaixonado para dois velhos em guerra, a alguma coisa que amo quase que magicamente sem motivos, com que intuito? Estragar? Porque é essa a única coisa que consigo pensar. A frase "Tenho que escrever a merda desse capítulo hoje, senão a Cia das Letras come o meu rim!" (Sim, eu penso alto) não parece bela aos meus ouvidos e me parece óbvia na vida de quem escreve para viver.

Eu penso nas pessoas ricas, os executivos. Será que eles amam executar? Às vezes amam adrenalina, fazer 847 coisas ao mesmo tempo. Mas, duvido, de todo coração, que alguma criança de 6 anos falasse "Quando crescer, quero organizar planilhas!", a maioria delas em algum momento já sonhou em ser gari só para ter a autoridade de pular de um caminhão em movimento quando bem entendesse.
 
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