Estou fazendo um trabalho sobre o documentário Ilha das Flores (lindo, por sinal). Eu já havia assistido esse documentário e nessa revisitagem ao link li o seguinte comentário: "Este curta é excelente. Nos ajuda a conscientizar a importância de darmos valor ao que temos." Não vou dedurar o ser que disse isso, mas posso falar que um xará seu foi canonizado e tem o apelido de ser o cara das causas urgentes.
Mas, mesmo que eu dissesse, ninguém ia achar nada demais. Aliás, as pessoas pensam o mesmo e se não pensam, acham a sacada desse pseudo santo quase genial.
Para aqueles que não conhecem o documentário e não cederam ao link que eu, burra-sem-nenhuma-noção-de-marketing-online, coloquei em minha primeira frase desse post resumirei a história. Ilha das Flores faz a trajetória de um tomate e através dessa mostra as relações entre homem-trabalho-dinheiro-comida-lixo e como todas essas palavras chaves podem ser opostas ou sinônimos.
E nesse comentário está exposto uma das lógicas mais grotescas do Ser Humano. Mais que não saber dividir, desperdiçar ou tratar outros humanos como não-humanos. A necessidade bizarra que precisamos de ver pessoas que sofrem por não ter o que temos e, só por isso, valorizar o que temos.
Quantas pessoas devem parar para pensar que a visão é uma coisa linda e poderosa ao ver o pôr-sol? Sempre que olhar um céu estrelado pensar "Caraca, enxergar é uma parada incrível." Mas, quando se vê um cego com dificuldades para atravessar a rua a primeira coisa que vêm a cabeça é "tenho que agradecer a Deus por ter minha vista intacta."
Para quem acredita em Deus: acha que ele fez pessoas com problemas só pra você lembrar como a sua vida perfeita é boa? Ou pra você aaprender a parar de lamentar só porque sua empregada colocou sal demais na sua comida?
Para quem não acredita: acha legal ver alguém se ferrando para você ver que você tá bem?
Não estou falando de ismos ou de revoluções. Falo do sentimento mais básico. De valorizar o que se têm, o que se é, só por reconhecer como aquilo é legal, como aquilo é foda, como aquilo é divertido e mágico. Não porque alguém não tem, aí se percebe o quanto é maravilhoso.